Uma sátira brilhante às elites, ao preconceito e às figuras ridículas do poder, numa altura em que a Ditadura começava a agonizar.
«Há dias, encontrei na rua o senhor Teixeira Gouveia, todos sabem que é informador da PIDE. Onde vais tão airosa, rapariga? Quis saber o bufo. Vou a uma reunião do Partido Comunista no solar do senhor marquês, retorqui com um breve sorriso. Ó rapariga, não digas isso nem a brincar! Tu és do Partido Comunista?
Credo, senhor Teixeira Gouveia! Deus me livre e guarde dessa cambada igualitária! Só vou tomar chá a casa do senhor marquês Vermelho porque o Partido precisa de mulheres e, essencialmente, pelos bolinhos servidos
em pratos da Companhia das Índias. Aquilo sim, é requinte!
Um chá servido com todo o gabarito, comme il faut.
Não falta nada, até pastéis de massa tenra e copos de vinho!